domingo, 16 de outubro de 2011

Compare os alimentos orgânicos com os convencionais

Por algum tempo, os alimentos orgânicos ocuparam uma ou duas prateleiras do supermercado. Pouco procurados, de preço mais alto do que os similares e com opções de escolha reduzidas, acabavam tendo o consumo restrito.

O aumento na variedade de opções e as vantagens que a ausência de agrotóxicos oferece à saúde, no entanto, trouxeram o crescimento de interesse por parte dos consumidores. "Os agrotóxicos usados no cultivo dos vegetais podem levar a problemas no sistema hormonal, prejudicando a saúde como um todo", afirma o nutrólogo Roberto Navarro.

Para saber se o alimento que você está comprando é orgânico, basta olhar a embalagem: "Existe um selo de qualidade garantindo que ele foi produzido de acordo com as normas estabelecidas para um orgânico", explica Roberto Navarro.
1. Animais e derivados convencionais: os animais sem criação orgânica podem receber ração ou alimentos produzidos com o uso de agrotóxicos e adubos químicos, além de receberem algum tipo de hormônio para se desenvolverem mais rapidamente até a fase de abate.

2. Animais e derivados orgânicos: os animais e derivados ditos orgânicos são aqueles que, desde o nascimento, recebem rações livres de agrotóxicos e adubos químicos e não tomam qualquer tipo de antibióticos ou hormônios de crescimento. "Com exceção das vacinas, obrigatórias, os tratamentos veterinários dispensam ingredientes sintéticos. Só remédios fitoterápicos e homeopáticos são empregados", explica o nutrólogo Roberto Navarro.
Nutrientes dos alimentos convencionais: como sofrem ação de radiações ionizantes (utilizadas para esterilizar, pasteurizar, desinfetar e inibir a germinação dos alimentos), eles retêm mais água, perdendo a integridade nutricional.

Nutrientes dos orgânicos: "Os orgânicos são superiores em relação aos alimentos convencionais tanto do ponto vista nutricional quanto toxicológico, já que não foram tratados com agrotóxicos sintéticos", afirma a nutricionista Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional. Existem pesquisas em andamento para avaliar se os orgânicos têm mesmo uma riqueza nutricional maior. Já foi comprovado que o cultivo especial preserva um teor maior de nitratos, vitamina C e compostos fenólicos, úteis no sistema imune do organismo.
Aparência dos alimentos convencionais: no geral, eles são maiores e mais bonitos, aparentando serem mais saborosos. "O uso de agrotóxicos protege o alimento de agressões externas, preservando melhor a cor, o brilho, a textura e o crescimento", explica a nutricionista Roseli Rossi.

Aparência dos orgânicos: isentos da barreira dos agrotóxicos, os alimentos orgânicos tendem a ser menores, com uma aparência mais mirrada. Isso também vale para as carnes e alimentos de origem animal, já que eles também não terão os hormônios de crescimento injetados.
Tradicionais e hidropônicos: é comum pensar que os alimentos hidropônicos, por serem cultivados de forma diferente (dentro de tubos plásticos por onde a água circula continuamente, em vez da terra) também são mais naturais. Nada disso: esses vegetais recebem fertilizantes químicos para absorver os nutrientes dissolvidos na água e assim se desenvolverem. "E isso foge completamente ao conceito de cultivo orgânico", afirma a nutricionista.

Orgânicos: são totalmente livres de agrotóxicos, antibióticos, hormônios, anabolizantes e outras práticas que podem prejudicar o sistema imunológico em longo prazo.
Preço dos alimentos convencionais: por serem produzidos em grande escala e não dispenderem de grandes cuidados para o seu cultivo, os alimentos convencionais tendem a ser mais baratos.

Preço dos orgânicos: por serem produzidos em pequena escala e por terem um custo de produção mais caro, o preço do orgânico aumenta.
Presença de agrotóxicos nos alimentos convencionais: estudos recentes desenvolvidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fizeram uma lista com os alimentos que mais acumulam agrotóxicos: pimentão, uva, pepino, morango e couve estão no topo do ranking e devem ser bem higienizados antes do consumo. Inseticidas e outros agentes tóxicos causam sérios danos ao sistema endócrino, interferindo na produção, liberação, transporte e metabolismo dos hormônios. Roberto Navarro explica que a exposição a esses agentes químicos também superestimula o sistema imunológico, levando a um processo crônico de inflamação - o que pode servir de gatilho a doenças como câncer, diabetes e obesidade, além de problemas na tireoide e no aparelho reprodutivo do homem e da mulher.

Presença de agrotóxicos nos orgânicos: apesar de mais caros e com uma aparência não tão boa, os orgânicos estão livres dessas substâncias e não trarão riscos à sua saúde.
Higiene dos alimentos convencionais: não é possível descontaminar completamente um alimento que sofreu a ação de agrotóxicos. Mas, no caso das frutas, legumes e verduras, o ideal é retirar as cascas e folhas externas, contribuindo para a redução de resíduos presentes apenas na superfície.

A utilização de hipoclorito de sódio e de água sanitária (uma colher de sopa dissolvida em um litro de água é suficiente para higienizar até dez alimentos) é o melhor método de descontaminação. Roseli Rossi dá a dica: "Lave os alimentos em água corrente, higienize-o em solução de hipoclorito ou água sanitária, enxague novamente, seque o excesso de água com um pano limpo e deixe escorrer." O ideal é consumir alimentos da época que, normalmente, recebem uma carga menor de agrotóxicos.

Higiene dos orgânicos também é necessária: "Orgânico não significa higienizado, esses alimentos devem ser higienizados assim como os convencionais", conta Roseli. O selo orgânico garante que o alimento não recebeu agrotóxicos, mas pode ter sido borrifado com pesticidas naturais ou ter recebido insetos durante o armazenamento. Para higienizar o orgânico, basta lava-lo em água corrente.
Alimentos convencionais e a dieta: a exposição a agrotóxicos interfere na atividade de alguns neurotransmissores cerebrais. "Em decorrência disso temos distúrbios de comportamento e também resistência à perda de peso", explica a nutricionista Roseli Rossi. Sendo assim, o consumo de agrotóxicos pode, indiretamente, dificultar a perda de peso.

Orgânicos e a dieta: a alimentação orgânica não emagrece, como algumas pessoas chegam a pensar. Mas a origem mais saudável dos alimentos contribui para que sua alimentação tenha mais qualidade e favoreça o organismo, de modo geral.

Carolina Gonçalves